sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Melhores Romances do Cinema Recente Pt. 2

Essa é a continuação da lista dos melhores romances recentes do cinema. A primeira parte da lista pode ser conferida “aqui”.

8° Melhor é Impossível (As good as it gets - 1997)
Melvin Udall (Jack Nicholson) é um homem recluso, rabugento, sarcástico e ainda por cima sofre com TOC (Transtorno obsessivo-compulsivo).
Quando seu vizinho sofre um acidente ele acaba sendo obrigar a cuidar do cachorro, com o qual acaba por desenvolver carinho; mas o relevante da história se inicia quando Melvin começa a receber mais atenção da garçonete (Helen Hunt) e a se aventurar fora do seu apartamento. Oscar de melhor atuação para ambos os atores.


9° Diário de uma Paixão (The Notebook - 2004)
Romance até certo ponto tradicional, trazendo a história de dois jovens que se apaixonam, Noah e Allie, marcados por grandes clivagens sociais. A sensação inicial é a de “já assisti isso um milhão de vezes”, mas aqui nós somos cativados por uma nostalgia que remete ao romance clássico do cinema, sem medo de ser piegas e lembrando a idealização ingênua de um amor eterno.

10° 500 Dias com Ela ((500) Days of Summer - 2009)
Se eu pudesse definir o filme em duas palavras (e eu posso), eu diria “maduro” e “real”. Tom (Joseph Gordon-Levitt) se apaixona por Summer (Zooey Deschanel); até aí nada de novo. Mas o interessante é observar os métodos que o diretor - Marc Webb - utiliza para expor todo o desenrolar emocional de Tom, que vai da felicidade à tristeza no decorrer do processo, mostrando o nascimento e o auge da paixão, tudo isso transmitido de forma não linear.
O desfecho, como já supracitado, é maduro e real e, nem por isso, deprimente.


11° Encontro Marcado (Meet Joe Black - 1998)
Mais uma história de amor impossível... Mas ao invés do garoto pobre se apaixonar pela garota rica, aqui a própria morte (Brad Pitt) se apaixona pela filha de um homem que está prestes a ceifar.




12° O Casamento do Meu Melhor Amigo (My Best Friend's Wedding - 1997)
Recuso-me a chamar esse filme de “comédia romântica” (embora seja), pois foge tanto do padrão que considero um reducionismo imenso empacotar o filme dentro deste rótulo.
Julianne (Julia Roberts), numa espécie de crise de meia idade, fica desesperada ao descobrir que seu ex-namorado, atual melhor amigo, está prestes a se casar. A cena da família, estimulados pelo amigo gay de Julianne, cantando “I Say aLittle Pray for You” é hilária!


13° Namorados Para Sempre (Blue Valentine - 2010)
Esse foge totalmente do padrão dos anteriores e mostra uma relação já desgastada entre os protagonistas, Dean (Ryan Gosling) e Cindy (Michelle Williams). Fiz uma análise do filme, ressaltando algumas semelhanças entre ele e o 500 Dias Com Ela; você pode ler “aqui”.
O “romance” entre Dean e Cindy está saturado e, de uma maneira não linear, o diretor, Derek Cianfrance, se alterna entre vários capítulos da história do casal.


14° O Segredo de Brokeback Mountain (Brokeback Mountain - 2005)
Em 1963, numa sociedade machista e homofóbica, dois homens descobrem entre si um sentimento considerado hediondo pela maioria das pessoas da época. História trágica e comovente que rendeu dois Oscars: Melhor Direção e Roteiro Adaptado.


15° Cópia Fiel (Copie Conforme - 2010)
Não posso falar muito sobre o filme sem comprometer a história.
Trata-se de uma grande metalinguagem...
Um escritor inglês se encontra com uma mulher francesa e passeia com ela pelas ruas da Itália.



Menções Honrosas:
WALL·E - 2008

Tudo se passa no ano de 2700 e a Terra não é mais habitada. A vida se tornou simplesmente impossível.
Wall-E é o último robô de uma frota de milhares de robôs programados para limpar a terra. Enquanto todos os outros simplesmente deixaram de funcionar, ele continua, diariamente, sua árdua tarefa.
Os humanos agora vivem no espaço, em grandes naves, praticamente alheios ao antigo lar. Quando uma nave de inspeção retorna à Terra, uma robô chamada Eva desembarca na terra.
Meia-Noite em Paris (Midnight in Paris - 2011)

Mais uma obra prima do diretor Woody Allen.
É um filme, acima de tudo, sobre idealização e ilusão. É menos um romance e mais uma bela viagem por Paris, acompanhando o deslumbramento de Gil (Owen Wilson) com a cidade e com as diferentes épocas e suas respectivas figuras.



Alguém Tem que Ceder (Something's Gotta Give - 2003)
É uma comédia-dramático-romântica.
Jack Nicholson interpreta Harry Sanborn, um sessentão que nunca namorou uma mulher com mais de 30 anos. É engraçado ver um homem de 60 anos amadurecendo, mesmo que tão tardiamente e descobrindo que as mulheres de sua idade também existem.
O gostoso desse filme, embora não seja muito aclamado pela crítica, é o fato de mostrar um romance mais maduro e poder acompanhar algo fora do convencional. Por esse mesmo motivo também gosto bastante do filme “Simplesmente Complicado” (It's Complicated) com a Meryl Streep, que também mostra o relacionamento de pessoas mais maduras.
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quinta-feira, 27 de outubro de 2011

35ª Mostra Internacional de Cinema - São Paulo


A 35° Mostra Internacional de cinema teve início no dia 21 de Outubro e termina no dia 03 de Novembro. A mostra reúne filmes das mais diversas nacionalidades, estilos e gêneros. São mais de 250 filmes! Tudo isso sendo exibido em 22 salas espalhadas pela Capital. Cinemas, museus, centros culturais etc. Dentre eles, posso citar o Cine Olido, na Galeria Olido, o Cine Livraria Cultura, no Conjunto Nacional, CINUSP, na USP Butantã, Unibanco Arteplex etc.

Vale ressaltar que embora muitas dessas exibições sejam pagas, em diversos locais o preço é bastante baixo, caso do Cine Olido, que a entrada custa apenas 1,00.
E alguns filmes são exibidos de forma inteiramente gratuita! Vale conferir.


A programação pode ser conferida “aqui”.
Por enquanto, por questões de disponibilidade, assisti apenas a um único filme da mostra, mas até o dia 03 de Novembro pretendo assistir outros.

Abaixo farei uma pequena sinopse do filme que assisti e, se eu conseguir assistir outros, atualizarei o post com suas respectivas sinopses, escritas por mim, é claro.

O Outro Lado do Sono (The Other Side of Sleep - 2011)

Filme irlandês.
Arlene é sonâmbula e convive com isso desde sua infância.
Logo no início do filme ela desperta ao lado do cadáver de uma jovem assassinada. A comunidade fica chocada e ninguém sabe quem é o responsável pelo crime, embora desconfiem do namorado da garota morta.
Arlene desconfia de si própria, mas não se lembra de absolutamente nada.
Vemos o desdobrar dos acontecimentos e a confusão da protagonista, que oscila entre medo, desespero, tristeza e solidão.


Estou com você (Io Sono Con Te – 2010)

Fui assistir no Cine Olido, no Centro de SP e um detalhe bastante interessante é que o diretor do filme, o italiano Guido Chiesa, estava presente e fez um discurso para a plateia logo antes do filme ser exibido. Acho muito improvável que algo do tipo se repita novamente em algum momento da minha vida.
Mas falando do filme: trata-se de uma produção bastante singular na qual todos os atores são árabes e o idioma do filme é o árabe.
Conta a história de Maria durante o período de gestação e, posteriormente, a de Jesus Cristo durante a infância. Vale assistir por ser uma obra tão singular, singela e que coloca o foco num aspecto que em geral é deixado de lado.
Não é um filme feito unicamente para religiosos (não é o meu caso) e, portanto, pode ser assistido por qualquer um.

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quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Naruto Shippuden - Quem é o homem por trás da máscara?

Um dos maiores mistérios de Naruto está prestes a ser desvendado. Quem é o líder da Akatsuki, que se esconde atrás daquela máscara? Ele se auto-intitulava Tobi, e depois afirmou ser Madara Uchiha, um dos fundadores de Konoha e criador do clã Uchiha . Mas será realmente essa a verdade?

Recentemente no mangá lançado no Japão se viu que o mistério está perto de ser resolvido e ele é surpreendente, não tenham dúvida.

Fiquei de boca aberta lendo o último capítulo; as revelações impressionam e vão mudar o rumo da história de uma maneira ótima.

Reveleções sobre o enredo (spoiler) abaixo:

Foi mostrado no capítulo 559 do mangá quem era a pessoa ressuscitada pelo jutsu Edo-Tensei que estava no sexto caixão de Kabuto: nada mais, nada menos que o próprio Madara Uchiha! Ou seja, o homem da máscara estava mentindo sobre sua identidade. Mas como ele sabe de tantas coisas? E seu Sharingan? Seria ele realmente Obito?  ( Um dos motivos para achar que pode ser ele é que o poder de Tobi é parecido com o de Kakashi que possui o Sharingan de Obito, aquele jutsu dimensional) Arrisco até a dizer que ele possa ser o irmão de Madara, o Shisui.

Mais uma vez Masashi Kishimoto, o autor, demonstra toda a sua genialidade. Pra mim sem dúvida o melhor mangá lançado atualmente. Ainda mais agora, com a presença de Itachi que foi ressucitado, a presença de Gaara, Raikage e outros kages, Killer Bee e vários jinchuurikis. Assim a guerra com a Akatsuki ruma a seu final.

Não deixem de acompanhar o desfecho!
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Melhores Romances do Cinema Recente Pt. 1

Existe bastante preconceito contra romances e até bastante machismo em torno disso, como se esse fosse um gênero apenas para mulheres e homens afeminados. Mas a verdade é que existem sim romances muito bons. Farei então aqui uma lista com filmes desse gênero, do cinema recente (1990 em diante), que considero os melhores. Ao final deixarei também algumas menções honrosas.


1° Amor Além da Vida (What Dreams May Come - 1998)
Em primeiro lugar temos a história de um homem que deixou o paraíso para ir buscar sua amada no inferno. Existe algo mais romântico que isso?
O protagonista é Chris Nielsen (Robin Williams), que perde seus dois filhos num acidente de carro; quatro anos depois ele próprio morre também num acidente do mesmo tipo. Nielsen vai para o paraíso, que é mostrado como sendo uma composição de vários mundos, cada um referente aos anseios de cada pessoa. É muito lindo ver como tudo é representado e o filme ganhou um Oscar bem merecido de Melhores Efeitos Visuais por isso.
Quando sua mulher sucumbe ao sofrimento, tira a própria vida e é condenada ao inferno, ele irá arriscar tudo para ficar a seu lado.


2° Cidade dos Anjos (City of Angels - 1998)
Filme que marcou tanto pela ótima e sensível história apresentada, quanto pela trilha sonora, que é memorável. Nicolas Cage, interpretando Seth (o Anjo), está num ótimo momento nesse filme e consegue nos convencer. Meg Ryan não fica devendo em nada. Na trama, Seth, o anjo, perambula pela terra consolando aqueles que estão prestes a morrer, enquanto que Maggie, interpretada pela supracitada Meg Ryan, é uma médica cirurgiã que possui uma grande dificuldade em lidar com a morte. No momento em que Maggie perde um paciente, Seth a conhece e a partir daí um intenso sentimento entre ambos os atrairá. O desfecho do filme foge dos clichês, sem, no entanto, deixar de ser belo e cativante. Nomes como Sarah McLachlan, Alanis Morrisette e Goo Goo Dolls marcam a trilha sonora e eternizam o filme em nossa mente.

3° Antes do Amanhecer (Before Sunrise - 1995)
Jesse (Ethan Hawke) e Celine (Julie Delpy) se conhecem em um trem, pela Europa. Num ímpeto romântico Jesse convence Celine a descer na mesma estação que ele, para que passem a noite juntos, já que ele voltará para os EUA pela manhã. É um filme singular que mostra o nascimento de uma paixão de uma forma verossímil e interessante. O filme é todo focado no diálogo entre ambos e isso é bastante surpreendente, pois acompanhamos o recém “casal” pelas ruas, conversando, rindo e se abrindo um com o outro, de forma extremamente espontânea e real. Não se trata de um romancezinho meia boca com clichês transbordando pelas bordas, mas sim de uma obra prima que nos lembra da faceta positiva e feliz de uma paixão.

4° Antes do Pôr-do-Sol (Before Sunset - 2004)
É a continuação de Antes do Amanhecer. A verdade é que ele está na quarta colocação por uma pura questão cronológica, pois não sei dizer qual dos dois filmes é melhor; alguns dizem que é o segundo.
Não posso resumir muito bem, pois faria spoiler do primeiro filme, mas a questão é que aqui vemos os personagens se encontrando novamente após longos nove anos. O esquema de filmagem e desenvolvimento é semelhante e centrado nos diálogos. Acompanhamos os dois pelas ruas de Paris, enquanto colocam o assunto “em dia” e se aprofundam num vínculo que parecia adormecido.


5° Titanic - 1997
Sim! Titanic! Eu sei que hoje em dia não pega muito bem falar desse filme e que ele se tornou uma espécie de sinônimo para breguice, mas é inegável o fato de que ele é sim um grande romance, e não apenas isso, como também um grande filme. Não foi à toa que ele conquistou onze oscars!
Sei que todo mundo já assistiu esse filme, mas farei uma descrição mesmo assim: vemos dois indivíduos, Jack (Leonardo Dicaprio) e Rose (Kate Winslet), provenientes de classes sociais distantes (mocinha rica, garoto pobre), que se apaixonam no navio e precisam enfrentar o noivo arrogante de Rose.
O ponto máximo do filme, obviamente, se inicia quando o navio se choca contra um iceberg (isso não é spoiler!) e o navio começa a naufragar.
Só um adendo: até hoje eu acho que os dois cabiam perfeitamente em cima daquela madeira... Não me conformo.


6° Ghost - Do Outro Lado da Vida (Ghost - 1990)
Sam (Patrick Swayze) acaba sendo assassinado ao sair com sua mulher de uma peça de teatro. Mas seu espírito permanece na terra.
Através de uma médium (Whoopi Goldberg) ele vai tentar descobrir o que aconteceu. É uma história de amor sobrenatural que marcou a década de 90 e até hoje é impossível ouvir a música Unchained Melody (tema do filme) e não sentir uma sensação de nostalgia.


7° Quando um Homem Ama uma Mulher (When a Man Loves a Woman - 1994)
Michael (Andy Garcia) e Alice (Meg Ryan) são casados e, junto com suas duas filhas, formam uma família comum. Mas tudo parece desmoronar quando o problema de Alice com o álcool começa a se agravar. É um filme que mostra como o amor do marido por sua mulher é capaz de passar por cima das dificuldades e intempéries.

Veja a Pt. 2 da lista “AQUI".
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sábado, 8 de outubro de 2011

Filmes Sobre a Mente

Existem muitos filmes em que o quesito psicológico das personagens é abordado; em geral esses são os meus filmes favoritos.  Mas aqui não quero falar simplesmente dos filmes em que o psicológico é explorado, mas sim daqueles em que a questão da mente é um dos fatores centrais, senão o principal.
Para isso farei uma lista com os filmes que considero os melhores nesse estilo. Embora seja uma lista, ela não está numa ordem de 1°, 2° etc. Está de forma aleatória.
O 13° Andar (The Thirteenth Floor - 1999)

“Penso, logo existo”. É com essa máxima de Descartes que o filme se inicia. Uma equipe de cientistas cria um mundo virtual no qual seus habitantes possuem a capacidade de pensar e de conviver entre si. Eles estão alheios ao fato de serem produtos de um programa de computador. Quando um desses cientistas entra em contato com um dos habitantes dessa realidade virtual as coisas se complicam.

A Origem (Inception - 2010)

Nesse filme vemos a atuação de um grupo peculiar de ladrões. Eles entram nos sonhos de suas vítimas e roubam informações preciosas.
É fascinante ver como tudo é representado e, mais interessante do que isso, as perturbações do protagonista Cobb (Leonardo Dicaprio) que esconde múltiplas camadas de complexidade psicológica. A trama do filme se desenvolve quando assumem a missão de inserir uma ideia na mente de uma pessoa, sem que ela saiba. Um ótimo filme para quem gosta de pensar.


Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças (Eternal Sunshine of the Spotless Mind - 2004)

Joel Barish (Jim Carrey) descobre que sua esposa Clementine (Kate Winslet) o deletou (literalmente) de sua mente e então resolve fazer o mesmo.
Para isso ele vai à mesma clínica que sua esposa foi.
No decorrer do processo Joel muda de ideia, mas está sedado e impossibilitado de manifestar esse desejo. Como alternativa, ele tenta levar as lembranças da sua amada para suas memórias mais antigas e desvinculadas, na esperança de mantê-la viva em sua mente após o procedimento. Um belo filme e uma fantástica viagem psicológica.


Amnésia (Memento - 2000)

Após o brutal assassinato de sua esposa, Leonard (Guy Pearce) perde a capacidade de se lembrar por muito tempo de qualquer coisa posterior ao homicídio. Trata-se de uma doença real e intrigante.
Mesmo com essa deficiência Leonard investiga o assassinato em busca do culpado. Ele tatua seu próprio corpo com informações importantes sobre a investigação e utiliza uma câmera para registrar eventos e dados.
Aos poucos vamos entendendo o funcionamento de sua mente e desvendando seu raciocínio.


Vanilla Sky - 2001
David Aames (Tom Cruise) é um homem jovem, belo, narcisista e apaixonado que, ao entrar no carro junto com a sua amante, acaba tendo a sua vida tirada bruscamente dos trilhos. Ela - a amante - num ato de extremo ciúme e ódio joga o carro com os dois dentro contra a barreira de um viaduto. Aames sobrevive, porém com o rosto desfigurado. Seu mundo cai diante de seus olhos e sua vida parece perder o significado. É nesse ponto que a confusão o consome e tudo ao seu redor parece embaralhado.

Quero ser John Malkovich (Being John Malkovich - 1999)
Craig Schwartz encontra no andar sete e meio do seu emprego um portal para a mente de John Makovich, podendo ver e sentir tudo o que ele faz. Roteiro esquisitérrimo de Charlie Kaufman.





Uma Mente Brilhante (A Beautiful Mind - 2001) *Esse eu acrescentei depois da recomendação da Mari.

Nesse filme vemos a história real do ganhador do Nobel, John Nash. Não posso dizer muita coisa, pois dessa forma correria o risco de fazer algum spoiler, mas ressalto que este filme entra nesta categoria por diversos motivos, que vão desde o brilhantismo de John, aqui interpretado por Russel Crowe, até toda a confusão que isso desperta. Ganhador de cinco Oscars, incluindo Melhor Filme e Melhor Direção.


Onde Vivem os Monstros (Where The Wild Things Are - 2009)
Após receber uma bronca de sua mãe, Max, um garotinho rebelde, refugia-se na sua própria mente, criando um mundo ideal, no qual todos gostam dele.
É interessante perceber que nesse mundo todas as criaturas encarnam aspectos da personalidade do menino. Vemos personagens carentes, irritados, agressivos, rebeldes, tristes, alegres etc. Uma forma bonita e interessante de representar a mente de uma criança em fase de amadurecimento.


Quando Fala o Coração (Spellbound - 1945)
Edwardes é contratado como o novo diretor de uma clínica para doentes mentais, mas logo sua identidade é posta em xeque quando começam a suspeitar de quem ele diz ser. Ele então foge, confuso e sem saber ao certo quem é; não se trata de um charlatão, pois ele realmente acreditava no que dizia. No processo de fuga, Constance, uma médica psiquiatra, o acompanha, arriscando-se, na tentativa de tentar fazer com que ele lembre sua própria identidade. As teorias de Freud estão presentes na base da trama e é interessante acompanhar todo o desenrolar desse filme que é um misto de gêneros: romance, suspense e até um pouco de ação. Ótima obra de Hitchcock.
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quinta-feira, 6 de outubro de 2011

O Fim da Infância - Arthur C. Clarke

Considerada uma das maiores obras literárias da ficção científica, O Fim da Infância (Childhood's End) narra a reação da humanidade diante de uma invasão “benigna” de alienígenas. Tudo ocorre em plena Guerra Fria, no contexto da corrida espacial, quando humanos se preparavam para conhecer o espaço.
O mais peculiar e singular do romance está no comportamento “altruísta” destes alienígenas, batizados pelos humanos como Senhores Supremos. Eles, com suas milhares de naves, chegam à Terra e simplesmente tomam conta de tudo. Sem se mostrar (pelo menos não de início) e permanecendo no interior de suas naves, os Supremos declaram possuir intenções nobres; os humanos seriam proibidos de se aventurar pelo espaço e de desenvolver pesquisas nesse sentido, mas por outro lado teriam o auxílio necessário para desenvolver plenamente o planeta.

Clarke se utiliza de algumas personagens, todas elas sem muita profundidade, para transmitir os fatos. Não existe um desenvolvimento real destes “protagonistas”; eles são apenas o canal pelo qual o autor joga as informações para o leitor. Ainda assim a história é instigante e revela demasiada criatividade.

Daqui em diante farei uma análise dos acontecimentos e, portanto, haverá muito spoiler.

Arthur C. Clarke
Nos primeiros cinco anos de ocupação os Supremos dizimam a resistência, utilizando de métodos astutos e não violentos. Mas todos estão inquietos e se perguntando o motivo pelo qual os alienígenas não se mostram. O que teriam a esconder? Sua aparência seria assim tão grotesca para os olhos humanos?
A resposta alienígena foi a seguinte: “
Daqui a cinquenta anos ou seja, dentro de duas gerações desceremos de nossas naves e a humanidade poderá finalmente ver como somos."

Nesses cinquenta anos as fronteiras deixam de existir, a miséria, a fome e as guerras desaparecem da face do globo e o mundo se torna outro. Os humanos finalmente estão prontos para conhecer os Senhores Supremos. E é aqui que está uma das incógnitas do livro, que não é muito bem explicada e não faz muito sentido. Os Supremos são seres enormes (o dobro da altura de um humano), com chifres, asas e uma calda com uma ponta em formato de lança. Nem preciso dizer que eles são a cara do demônio, não é?


Os humanos que vivem nessa utopia já não são mais supersticiosos e as religiões simplesmente morreram, então mesmo que a maioria tenha se espantado com essa imagem, eles logo presumiram que os alienígenas já haviam entrado em contato com os ancestrais humanos e, provavelmente, não deixando boas recordações.

Mas por mais que pareça que estou fazendo um resumo do livro, esta não é a intenção; pra fazer os comentários que quero fazer é necessário passar essas informações e ainda mais algumas que revelam o desfecho do romance. De forma sucinta, o que ocorre é que descobrimos que os Senhores Supremos na verdade são subordinados de uma “Mente Suprema” que os encarregou de preparar a humanidade para o seu momento derradeiro, do qual surgiria uma nova forma de vida que se assimilaria, posteriormente, a essa Mente.

Todas as crianças do mundo com dez anos ou menos entram num transe eterno e os alienígenas ocupantes as reúnem num continente apenas delas, enquanto que o resto da humanidade fica em outro canto, sem poder se reproduzir (coisa que não é muito bem explicada no livro, atribuindo-se “razões psicológicas” para isso) e fadada à extinção.
Por fim essas crianças deixam a terra (destruindo-a no processo) e se unem a Mente Suprema.


Enquanto isso os Senhores Supremos lamentam-se por não possuírem a capacidade de seguir adiante nessa “evolução” e estarem presos ao mundo físico. Eles também aceitam passivamente as determinações dessa Mente poderosa sem mostrar qualquer sinal de revolta. Esse é mais um aspecto no livro que fica no ar.

Eles serem tão parecidos com a imagem caricata que possuímos do Anjo Caído, o Rei das Trevas, é parcialmente explicado no fim da história. Quando eles entraram em contato com os humanos pela primeira vez, nos primórdios da civilização, os terrenos, através de uma “recordação do futuro” (esse termo é usado no livro) e antevendo o seu próprio fim, logo os ligam ao fim do mundo. O mito do Lúcifer teria início aí.

O título do livro deve-se, ao que tudo indica, a essa transição que ocorre de Homo sapiens para seja lá o que for aquilo no qual as crianças se transformam.

Um trecho do livro, em que os Supremos se dirigem aos habitantes da Terra:


"Todas as mudanças anteriores que sua raça conheceu levaram um tempo incalculável. Mas essa é uma transformação da mente, e não do corpo. Pelos padrões da evolução, será cataclísmica — instantânea. E já começou. Vocês têm que enfrentar o fato de que são a última geração do Homo sapiens.”

Também é difícil aceitar, como é colocado no livro, que exista um objetivo primordial e de ordem evolutiva que dê sentido a existência humana. Tudo bem que é uma ficção, mas acredito que isso é algo que pode ser contestado, já que em momento algum do livro o autor se aprofundou nesse sentido.

E também é no mínimo suspeito o fato de sermos tratados como crianças e sermos restringidos em nossa liberdade por outra espécie que se diz mais avançada. Perigoso quando uma voz diz saber o que é melhor e o que é certo. Esse é outro aspecto que o autor não explora e que deixa diversos pontos soltos.

Frase de um dos Senhores Supremos:

“- É algo difícil de aceitar, mas vocês precisam fazê-lo. Talvez um dia possam vir a ser donos dos planetas. Mas as estrelas não são para o homem.”

De qualquer forma, é um livro que vale ser lido, mesmo que o desfecho possa ser, para alguns, um verdadeiro balde de água fria. O livro foi publicado em 1953 e acaba sendo um pouco datado, mas nada que prejudique a essência da obra.
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