segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Prometheus – Percepção Pessoal Pt.3

Leia a Pt.1 e a Pt.2 [Spoilers abaixo]

Na primeira parte dessa série de posts eu falei sobre a trama de Prometheus, na segunda parte eu falei sobre incógnitas e peculiaridades; agora nesta terceira parte abordarei as personagens e as incongruências.

Dentre as personagens do filme, quatro são realmente relevantes: David, Elizabeth Shaw, Charlie Holloway e Meredith Vickers. Shaw e Holloway, o casal do filme, representam dois pontos de vista bastante distintos, com a primeira se apegando a seus princípios religiosos, enquanto que o segundo, à razão, mas essa dicotomia não é muito intensa e não existe apelação para nenhum dos dois lados.

Elizabeth Shaw e Charlie Holloway
É possível traçar um paralelo entre Prometheus e O Oitavo Passageiro, no que se trata da presença feminina. É bastante clara a intenção do diretor em ressaltar a força de Elizabeth Shaw, tal qual fez com Ellen Ripley. Isso é mostrando em diversos momentos, tanto na sua busca incansável por uma resposta, quanto em suas atitudes e comportamento. Um dos momentos mais tensos é justamente quando a personagem, com uma criatura prestes a eclodir de seu corpo, faz todo o necessário para retirá-la.

Elizabeth Shaw
Já sobre o seu parceiro, o cientista Holloway, não o vejo como contraditório, diferindo assim da avaliação de alguns. Ele não buscava apenas uma civilização alienígena, mas também um contato; algo transcendente. Então é compreensível que tenha se decepcionado ao encontrar os seus deuses (os “engenheiros” da raça humana) mortos.

Meredith Vickers, bem interpretada por Charlize Theron, encarna o pragmatismo da empresa que representa: a Weyland Corporation. Mas sua participação perde um pouco do brilho quando se releva como a filha de Peter Weyland, o homem que dá nome a companhia e que financia tudo.

Além de Elizabeth Shaw, quem também se destaca dos demais é o androide David, do qual tratei brevemente na Pt.1. Embora seja um fantoche de Peter Weyland, o robô fala sobre liberdade, mesmo que diga não estar familiarizado com “querer” qualquer coisa ou possuir desejos. “Todos não querem a morte de seus pais?”, diz ele, referindo-se a Weyland, seu titereiro. Um personagem paradoxal do início ao fim, sem deixar de ser intrigante.

Os pontos falhos estão principalmente em personagens mal construídos, como é o caso do biólogo e do geólogo, que demonstram comportamentos que extrapolam qualquer possibilidade de suspensão de descrença. Como pode um biólogo, num mundo diferente e aparentemente hostil, brincar com uma criatura claramente ameaçadora, como se a mesma fosse um filhote de labrador? Foi um clichê dispensável, sem nexo e que não contribuiu em nada para o desenvolvimento do filme.

Milburn, o biólogo
Dos deslizes, o mais difícil de acreditar foi o ato de altruísmo do capitão da nave Prometheus, que junto com seus tripulantes, abriu mão da própria vida para destruir a nave alienígena. O estranhamento é inevitável, uma vez que em momento algum essas personagens foram mostradas de uma maneira que explicasse tal desprendimento.

Mesmo com defeitos, mesmo que em alguns momentos a inteligência de quem assiste ao filme seja subestimada, ainda assim o resultado final é positivo. E sobra bastante espaço para que haja uma continuação, que é o que de fato ocorrerá.

Quero encerrar recomendando algumas outras análises interessantes:

·        ·         NerdOffice - Nerdologia: Prometheus
·        ·        Omeleletv - Cinco Perguntas Com Spoilers

2 comentários:

  1. Discordo só em um ponto. De que o capitão não fosse capaz em seu entendimento de se sacrificar. Só temos algo mais sobre Shaw porque o filme começa com ela. Fora isso, não sabemos nada de suas características mais profundas.

    O capitão não oferece resistência sobre o que pensa. Ou se esqueceu que ele iria até impedir a Shaw de trazer qualquer ser para dentro de sua nave? Ele demonstrou o que todo capitão ou comandante faz. Defender sua base.

    E isso inclui o mérito de todo líder, ele é um líder nato. Ele tem que fazer o que tem que fazer. Sinto muito, mas acho que você perdeu este detalhe em julgar.

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    1. O que me incomoda é que o personagem não foi desenvolvido de forma que justificasse a atitude que tomou. Mas o pior mesmo são os seus subordinados... Em momento algum a iniciativa deles de morrer junto com o capitão foi explorada de forma que ficasse mais verossímil. Então a falha, a meu ver, está na superficialidade desses personagens. Se o diretor queria que o as pessoas acreditassem naquilo, seria mais interessante se ele tivesse criado um cenário que tornasse tudo isso mais coerente.

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