segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Prometheus – Percepção Pessoal Pt.1

[Alguns spoilers]

Um dos filmes mais aguardados do ano, Prometheus chegou aos cinemas gerando polêmica e trocadilhos como “Prometheus, mas não cumprius”. A reação inicial que pude perceber em parcela significativa das pessoas foi a de desapontamento. Acredito que parte desse desapontamento se deve a uma expectativa muito alta ou mal direcionada; já até escrevi como expectativas podem estragar um filme. Leia aqui.


Sem delongas, já adianto que gostei muito do filme, por mais que ele possua falhas e incoerências, sobre as quais falarei no próximo post. Dentre os motivos responsáveis pela minha percepção, destaco dois: em primeiro lugar, não sofri influência do monstro da expectativa. Eu não esperava absolutamente nada do filme. Em segundo lugar, o filme não tem grande ligação com os quatro anteriores, com exceção do universo ao qual todos pertencem. E esse segundo aspecto foi o mais importante para mim. Tinha receio de ver uma repetição de Alien - O Oitavo Passageiro ou então de seus sucessores.

Expus a minha percepção sobre a Tetralogia Alien em outro post: “Quadrilogia Alien – Percepção Pessoal”. Lá vocês podem ler a minha opinião sobre a saga iniciada por Ridley Scott. E por falar nele, Scott é o diferencial desse prequel. De todos os filmes da saga, ele só dirigiu o primeiro, de 1979. Então uma das causas de tanta euforia foi exatamente o seu retorno à direção.

Como eu disse, o filme foi vendido como sendo um prequel, ou seja, como prelúdio. E de fato, pois os acontecimentos do filme se passam em 2089, enquanto que no O Oitavo Passageiro, em 2122. Mas a ligação entre um e outro param por aí e o que vemos é uma obra com foco diferente, no tanto que só nos últimos minutos do filme nós vemos o alien com o qual estamos habituados.

Vamos então ao que interessa: Prometheus (que é o nome da nave espacial utilizada no filme) já se inicia de forma bastante interessante, no que indica ser a explicação da origem da vida na Terra. Um alienígena com feições humanas ingere uma substância que o faz se despedaçar e cair na água. Logo em seguida, através de seu material genético, inicia-se um processo que culmina na origem da vida no planeta.

Alienígena que se sacrifica para dar origem à vida
Após isso, somos apresentados a um casal de cientistas, na Terra, em 2089. Eles encontram artes rupestres (desenhos em cavernas) em diversos pontos do planeta e provenientes de civilizações diferentes (egípcios, maias, babilônios etc.) e que viveram em períodos também diferentes, sem comunicação entre si e que representam a mesma coisa: homens venerando um deus gigante que aponta para as estrelas. Acontece que há um sistema galáctico compatível com essa formação de estrelas, extremamente distante da Terra e com o seu próprio Sol. Lá existe uma lua que, de acordo com as análises, é capaz de suportar vida. Então é para lá que eles vão.

Arte rupestre encontrada por Elizabeth Saw e Charlie Holloway, o casal do filme
Durante o trajeto entre a Terra e essa lua (LV-223) os passageiros hibernam e quem ocupa a tela é o androide David, magistralmente interpretado por Michael Fassbender. Como o percurso leva dois anos para se completar, é o androide que irá se certificar para que tudo corra bem enquanto todos dormem na criogenia. David é de longe o personagem mais interessante e paradoxal de toda a trama, mais até que os alienígenas.  Seu deslumbramento e curiosidade contrastam com a suposta frieza que preenche seu “ser”. Por mais que ele seja programado para simular emoções humanas e dessa forma facilitar a interação, muitas de suas atitudes nos levam a questionar se não existe alguma espécie de alma no robô.

O androide David (Michael Fassbender)
Falarei mais sobre isso e sobre as incógnitas que cercam essa obra de Ridley Scott na Pt.2. Leia a Continuação.

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