No post anterior eu falei sobre as motivações que levaram os humanos a
um lugar tão distante no espaço e discorri brevemente sobre o personagem David,
o androide. Agora apontarei os principais pontos que fazem de Prometheus um filme acima da média.
A curiosidade e o desejo de conhecer as próprias origens norteiam
a busca empreendida pelas personagens do filme. São essas duas características
que nos mantêm atentos até o desfecho. Mas a incógnita em relação a nossa
origem é respondida logo no início, quando vemos um alienígena se sacrificando
para que de seus genes surja vida no planeta. Então a questão central não é
mais “como?”, mas sim “por quê?”. Por que fomos criados?
Num momento bastante interessante, no qual o cientista Charlie Holloway
(Logan Marshall-Green) se questiona sobre o motivo da criação dos humanos,
David pergunta: “Por que você acha que o seu povo me criou?”. A resposta do
cientista à pergunta do androide é simples: “Nós o criamos porque nós podíamos”.
Essa resposta é o mais próximo que chegamos das razões da nossa existência,
respondida pelo próprio humano. David então encerra com a seguinte
interrogação: “Consegue imaginar o quanto decepcionante seria ouvir o mesmo do
seu criador?”.
Charlie Holloway e David |
Esse questionamento central é colocado em segundo plano, dando lugar a
outro. Quando os tripulantes chegam à lua LV-223 e desembarcam, logo encontram
uma grande construção que obviamente foi criada por algum ser inteligente. Dentro
dela eles se deparam com os “engenheiros”, mortos há dois mil anos. A
construção se revela uma nave, com uma carga letal: as criaturas que vimos nos
quatro filmes da saga Alien. O mais assustador é que o robô David descobre que
a nave tinha a Terra como destino. Os “engenheiros” pretendiam colocar um fim à
própria criação. Por quê?
Construção Alienígena na lua LV-223 |
Uma coisa que não pode ser ignorada são as artes
encontradas nas paredes do recinto onde parte da carga letal se encontra. Que
arma é essa que inspira artes que parecem venerá-la? Na imagem abaixo vocês
podem ver a criatura que conhecemos simplesmente como “alien” retratada de
forma grandiosa. Que relação os engenheiros possuem com ela? Terá ela realmente
sido criada por eles?
Arte na parede da nave |
Quando encontram um dos engenheiros ainda vivo, em estado
de hibernação, e o acordam, a reação violenta do mesmo é bastante compreensível,
considerando que ele hibernou durante dois mil anos, que na última vez em que
esteve acordado os humanos ainda lutavam com espadas e que agora de
repente eles estavam na sua frente, em outro mundo, sem esquecer que havia uma mulher
histérica gritando, um homem armado que inclusive chegou a machucá-la e um
idoso caindo aos pedaços querendo saber como enganar a morte. Eu também teria
saído dando pancada em todo mundo.
Agora convenhamos que nada justifica a incompetência
desses engenheiros. Eles conseguiram ser exterminados pela própria arma duas vezes.
Tanto nesta lua LV-223, quanto no planeta LV-426. É como se a bomba de Hiroshima
tivesse caído em Washington e a de Nagasaki em Nova York.
Na terceira e última parte dessa série de posts sobre Prometheus explorarei o comportamento
das personagens, as incongruências na história e o desfecho do filme. Fiquem à
vontade para comentar, criticar e expor suas opiniões.
Leia a Continuação: Prometheus – Percepção Pessoal Pt.3
Leia a Continuação: Prometheus – Percepção Pessoal Pt.3