segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Homeland - Percepção sobre a 1° Temporada


Homeland é uma das ótimas novidades do Showtime. Parte de uma proposta interessante e instigante: Scott Brody, um soldado estadunidense, dado como morto, é libertado de um cativeiro no Afeganistão onde permaneceu durante oito anos. No entanto, a agente Carrie Mathison, da CIA, possui sérias suspeitas de que o soldado se converteu ao islamismo e planeja, em colaboração com o Al-Qaeda, algo contra o país.

Maluca, você? Que isso...
Logo de início fica difícil saber se as suspeitas da agente sobre o soldado Brody possuem fundamento ou não, pois a série nos manipula de forma a nos fazer  transitar entre o estar totalmente convicto das intenções terroristas de Brody e desacreditar desta conclusão. Além disso, ficamos sabendo que Carrie possui alguma desordem psiquiátrica que a deixa paranóica e psicótica. Acredito que ela seja esquizofrênica, embora já tenha lido em cinco artigos diferentes (incluindo dois que indicarei aqui ao fim do post) que ela possui transtorno bipolar. E já que entramos nesse assunto, vou embasar no parágrafo seguinte as causas da minha suspeita.

Sei que para os desavisados essa especulação acerca do transtorno psiquiátrico da personagem pode parecer irrelevante, mas se trata de algo muito importante para compreender o comportamento da agente da CIA. Basta que se observe apenas alguns poucos detalhes para que se chegue à mesma conclusão que eu. Carrie faz uso de Clozapina, que é um medicamento utilizado no tratamento de Esquizofrenia Refratária, aquela que resiste aos demais medicamentos usados para controlá-la. Se esse simples detalhe não é suficiente para sanar quaisquer dúvidas, não podemos nos esquecer de que ela encerra a série fazendo um tratamento que consiste em eletrochoques. Esse tratamento não é nada comum para Transtorno Bipolar. Em geral o TP é tratado com lítio.

Em um episódio no qual a Carrie surta e fica reclusa na casa da irmã, esta diz ao Saul (agente da CIA e superior imediato) que ela é bipolar e é aí que muitos se enganam e não percebem a sutiliza da coisa. A irmã da Carrie já sabia que ela escondia sua doença de todos, inclusive no seu trabalho e que essa informação poderia comprometer completamente sua credibilidade, então ela mente, relatando uma doença bem menos comprometedora.
De uma forma ou de outra, não sabemos se podemos confiar plenamente nos julgamentos da Carrie, o que é ótimo, pois intensifica o suspense. Formada toda essa estrutura de incerteza e tensão, a série progride maravilhosamente, sempre mantendo um ar de incerteza pairando em nossa mente.

Posteriormente, quando descobrimos que de fato Brody se converteu, ainda assim não sabemos se ele é um terrorista ou apenas um homem, que num momento de desespero, se apegou à única coisa que tinha em mãos. Como o próprio diz, não é lá muito fácil conseguir uma bíblia dentro de um cativeiro mantido por fanáticos no meio do Afeganistão.

I do solemnly swear that I will support and defend the Constitution of the United States
O intuito aqui não é fazer um resumo da 1° temporada e muito menos uma análise minuciosa de cada um dos doze episódios. A intenção é expor uma percepção geral. Então vamos lá: surpreendeu-me a ótima atuação dos dois protagonistas, Claire Danes e Damian Lewis, interpretando Carrie Mathison e Scott Brody, respectivamente. Também se destaca o ator Mandy Patinkin, como Saul. Não se pode dizer o mesmo de todos os atores, mas no geral os demais estão bons ou aceitáveis. Além disso, a forma como as personagens vão se desenvolvendo é bastante peculiar e plausível.

Dos poucos pontos negativos, posso citar os flashbaks do Brody, que em alguns momentos se tornam cansativos. Acredito que outro recurso, mais sútil, poderia ter sido usado em conjunto. Também achei um pouco forçada aquela epifania intra-surto que a Carrie teve, relacionando cores às fases do terrorista Abu Nazir.

A questão central é que toda a temporada foi conduzida com maestria e inteligência, deixando de presente um desfecho transbordando de aflição. Por mais que certos aspectos sejam um pouco mirabolantes, não deixam de ser interessantes. Agora resta saber se a 2° Temporada conseguirá desenvolver bem o que herdou e manter o ótimo nível de qualidade.
Abaixo estão as duas análises que disse que indicaria:
Série Maníacos: Homeland – 1×12: Marine One

Apaixonados Por Séries: Homeland – Vale cada minuto!

5 comentários:

  1. Nunca ouvi falar dessa série, mas o enredo parece ser instigante.
    Gosto de seus artigos sobre cinema e séries.

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    1. Oi! Fico feliz que você goste :)
      Recomendo muito essa série! Bastante interessante e inteligente.
      Abraço

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  2. Transtorno bipolar pode ser tratdo com clozapina e eletrochoque sim. Alias eletrochoque é mais eficaz na depressão e episódios maníacos, do que na psicose

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  3. Transtorno bipolar pode ser tratdo com clozapina e eletrochoque sim. Alias eletrochoque é mais eficaz na depressão e episódios maníacos, do que na psicose

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    Respostas
    1. Kkk Pois é, na verdade é bem relativo. Na psiquiatria as coisas não são tão simples assim. TAB se trata com estabilizadores de humor, essencialmente,e com psicoterapia, claro, mas em crises de mania, dependendo de como se configure, pode-se usar uma gama de medicamentos, como benzodiazepínicos e até antipsicóticos. Ou mesmo no Polo depressivo. Depende muito. E o ECT (eletroconvulsoterapia) pode ser usado eventualmente também,e de fato pode ser muito bom, mas não como foi mostrado na série, se bem me lembro kkk

      Mas me diz uma coisa, como a série está? Eu só vi as duas primeiras temporadas. Me decepcionei com a segunda e parei de ver.

      Abraços

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