terça-feira, 26 de julho de 2011

Ilha do Medo – Filme e Livro


Shutter Island é um livro de Dennis Lehane lançado aqui no Brasil pela Companhia das Letras com o título Paciente 67.
O livro foi adaptado para o cinema em 2010 por Martin Scorsese.
Livro e filme são ótimos e fica difícil dizer qual é melhor, diferente da esmagadora maioria das adaptações de livros, nas quais os filmes nunca chegam perto de superar a obra literária.


A história é a seguinte:
A assassina Rachel Solando escapou do Hospital Psiquiátrico Ashecliffe para doentes mentais criminosos. Detalhe que ela conseguiu fazer isso mesmo com o quarto estando trancado e vigiado. Esse hospital fica cercado pelo mar, na ilha Shutter Island.
O xerife Teddy Daniels chega à Ilha com seu novo parceiro, Chuck Aule, para investigar o ocorrido e encontrar Solando.
Ninguém na instituição parece muito disposto a ajudar Daniels, nem mesmo o médico-chefe do local, que parece estar envolto numa espessa nuvem de mentiras e segredos.

Daqui pra frente é spoiler puro, então quem ainda não leu o livro ou assistiu ao filme, já fica avisado.
Bom, o intuito aqui não é narrar a história parte por parte, pra isso existe o filme e o livro, mas sim discutir um aspecto de discrepância entre livro e filme. Mas é sempre interessante relembrar o que aconteceu:


Teddy não consegue aceitar o assassinato de sua mulher e está convicto de que o assassino está nesse hospital. Ele é atormentado por alucinações, visões de sua esposa e vive num constantemente estado de paranoia.
O desfecho revela que na verdade foi Teddy que matou sua esposa, após, num momento de crise, ela ter matado seus filhos.
Teddy Daniels é um anagrama de seu verdadeiro nome, Andrew Laedis.
Essa identidade nova foi criada por si próprio para fugir da avassaladora lembrança da morte de seus filhos e Rachel Solando não existe, foi apenas uma artimanha criada por sua mente para servir de pretexto para toda a investigação.



Todos no hospital estão atuando e inclusive seu parceiro, Chuck, cujo nome real é Dr. Seehan, é um médico do local. Trata-se de uma ousada tentativa de tratamento idealizada pelo médico-chefe, Cawley. Ou seja, Teddy é um paciente e não mais um xerife.
No auge, Teddy acaba sendo obrigado a confrontar a realidade e é nesse momento que percebe sua própria loucura. Cawley lhe diz que isso já havia acontecido antes, mas qual tal uma fita cassete, ele havia rebobinado e voltado ao estado anterior. Agora o médico precisava ter certeza de que a realidade havia sido aceita.
E é daqui pra frente que está a sútil diferença entre filme e livro. Embora seja pequena, considero relevante.

Teddy Daniels - Leonardo Dicaprio
Na manhã seguinte ao que foi descrito, quando Chuck (Sheehan), se aproximou de Teddy (Andrew), esperando alguma reação, o que percebeu não foi o Andrew da noite anterior, abalado, porém ciente de sua situação, mas sim Teddy, paranoico e acreditando ser um xerife federal em curso de uma investigação.
Nesse momento já sabemos que se Teddy não voltasse ao normal, o mesmo seria lobotomizado, por apresentar risco aos outros pacientes. Cawley já o tinha alertado para isso na noite anterior.
Sheehan então olha para Cawley, meneando a cabeça em sinal negativo.
Cawley, que estava afastado e esperando a análise do parceiro, parece abatido, mas fala com os homens ao seu lado, informando a situação. Logo os médicos responsáveis pela lobotomia se aproximam e eis as últimas frases de Teddy no filme e no livro:





Últimas frases no filme:
Teddy: Não se preocupe, parceiro, eles não vão nos pegar.
Chuck: É verdade, nós somos muito espertos para eles.
Teddy: Sim, nós somos, não é?
Teddy: Sabe, esse lugar me faz pensar...
Chuck: O que, chefe?
Teddy: O que seria pior... Viver como um monstro, ou morrer como um bom homem?

Teddy então se levanta e caminha em direção aos médicos que estão vindo fazer sua lobotomia.
Últimas frases no livro:
“Precisamos dar um jeito de sair deste calhau.”
Chuck fez que sim. “Já imaginava que você sairia com uma dessas.”
“Tem alguma ideia?”
“Um minutinho só”
Teddy balançou a cabeça e recostou-se nos degraus.
Tinha um minuto. Talvez até alguns minutos. Viu Chuck levantar a mão e balançar a cabeça, viu Cawley aquiescer com uma olhar significativo, depois se dirigir ao diretor. Os dois avançaram pelo gramado em direção a Teddy e Chuck, seguidos de quatro serventes, um dos quais carregava uma trouxa branca – uma espécie de grande peça de tecido no qual Teddy pensou ter visto reflexos metálicos quando o homem o desenrolou.
Teddy disse: “Não sei, Chuck. Acha que já nos sacaram?”.
“Neca”, disse Chuck inclinando a cabeça para trás, piscando um pouco por causa do Sol e sorrindo para Teddy. “Somos espertos demais para isso.”
“É mesmo”, disse Teddy. “Somos muito espertos, não é?”
(Shutter Island – Paciente 67 – Pág. 339 – Companhia das Letras)

Ou seja, ambos os finais sugerem a mesma coisa, mas enquanto um  - o do filme – é quase explícito, o outro – do livro – é bem mais sutil e fica uma dúvida bem mais forte.
Lendo o livro não dá pra ter certeza se Teddy optou ou não por ser lobotomizado, enquanto que no filme isso fica relativamente óbvio.


Filme: Ilha do Medo (Shutter Island, 2010)
Direção: Martin Scorsese

Livro: Paciente 67
Autor: Dennis Lehane



quinta-feira, 21 de julho de 2011

Músicas Japonesas - Animes

  Uma das melhores coisas em se assistir animes, e que também os diferenciam bastante dos mangás são as músicas, tanto de trilha de fundo como as Openings (aberturas) e Endings (encerramentos).

  Sem dúvida uma boa música muda o modo como se assiste um desenho japonês. Tanto pra melhor como pra pior. E eles seguem uma certa ordem, já que normalmente as openings são diferentes das ending musicalmente falando. Em animes de ação a opening é animada, sendo um rock ou pop agitado e a ending mais calma, pra encerrar o capítulo. Às vezes algumas dessas músicas viram verdadeiros hinos pra os fãs, marcando uma série por anos, ou então são esquecidas por serem ruins...

  De qualquer modo é sempre algo a se prestar atenção com o início de uma nova série ou numa série já antiga mudando de abertura. Alguns temas famosos são os de Dragon Ball Z, Yu Yu Hakushô, Pokémon etc. Alguns que eu pessoalmente recomendo são(em japonês original) : a primeira abertura de FullMetal Alchemist, a terceira e quarta de Naruto, a terceira e a sétima de Naruto Shippuden, além da  abertura atual da saga da guerra ninja e dos 5 Kages, e do transplante do Sharingan, além da segunda do Bleach. Destaco como trilha de fundo a música dramática de Naruto que toca algumas vezes no decorrer da série, como por exemplo quando foi contada a história de Sasuke e Itachi e dos acontecimentos que levaram à extinção do Clã Uchiha. As músicas de digievolução do desenho Digimon, são uma atração à parte e verdadeiros clássicos!

  
 Como um fato interessante, um anime que me chamou muita atenção pelas músicas é o Inazuma Eleven ( Super Onze no Brasil) que passa atualmente na RedeTV. Todas as openings são cantadas no Japão por um mesmo grupo: T-pistonz+KMC e já são 6 até agora, fora a série mais recente Inazuma Eleven Go.
A que é executada atualmente no Brasil é a versão em português da segunda abertura. A quinta é simplesmente genial, e a sexta recebeu um prêmio de melhor música de anime em 2011.


Super Onze
  Esse é um verdadeiro mercado no Japão, onde cantores são muitas vezes associados a uma certa série de anime e tem prestigio por isso. Na minha opinião as J-songs (músicas japonesas) são as mais interessantes no mundo atualmente, pois mesmo usando estilos já consagrados como Rock e Pop, conseguem acrescentar sempre um frescor e originalidade às músicas e sem medo de experimentar. O resultado é realmente incrível e vale a pena ser conferido. E nada como fazer isso acompanhando um bom anime.

FullMetal Alchemist

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Batman - The Dark Knight Rises (O Final)


Every hero has a journey…
Every journey has an end…

O teaser trailer que saiu recentemente inicia-se com essas frases. O teaser apresenta uma sequência de frases de impacto e flashes.  Para um prelúdio do que está por vir, já está mais do que ótimo.

Não sei quanto aos demais, mas ao menos para mim o Batman de
Christopher Nolan, até agora, foi uma escalada em qualidade. O primeiro, Batman Begins (2005), foi bom, nada de fantástico, apenas bom. O segundo, O Cavaleiro das Trevas (The Dark Knight - 2008) foi incrível e surpreendeu a maioria, principalmente devido a atuação de Heath Ledger como Coringa. Sua morte deixou todos aturdidos. A atuação de Ledger foi tão espetacular que lhe foi conferido um Oscar póstumo de ator coadjuvante.
 
Nolan se provou competente e nos resta agora aguardar pelo encerramento da trilogia. Se no primeiro filme fica um pouco confuso sobre quem é o vilão, já que o maniqueísmo não é tão intenso, e no segundo não conseguimos nutrir nenhuma espécie de ódio pelo Coringa, fica a dúvida em relação ao vilão desse terceiro e último filme.
 
Bane (Batman & Robin - 1997)
Ainda não está muito claro, mas sabemos que Bane, famoso vilão dos quadrinhos e que já foi adaptado (pessimamente) para as telas em Batman & Robin, de 1997, estará nesse longa e provavelmente ocupando papel importante de oposição ao herói.

É característico do diretor Christopher Nolan conferir a seus filmes o máximo de realismo possível, para que o público considere o que está sendo visto como algo verossímil. Percebo isso de forma positiva e com base nessa informação podemos ter uma noção de como será Bane no filme. As poucas imagens e vídeos que saíram até agora não revelam muita coisa sobre o estado desse vilão quando transformado, mas estou confiante de que podemos esperar algo no mínimo estiloso.
 
Bane HQ

Tom Hardy, ator que interpreta Bane, já se mostrou talentoso em outros dois filmes: A Origem (2010) e Bronson (2008). Neste último citado, Hardy interpreta Michael Peterson, homem violento e impulsivo; a atuação dele nesse filme rendeu seu convite para o desfecho de Batman.
 
Mas, obviamente, esse terceiro e último filme não será o fim da saga do cavaleiro solitário. Um reboot da série já está programado e terá Nolan  como produtor.

The Dark Knight Rises será lançado em 20 de Julho de 2012.


Bane - The Dark Knight Rises

 Bane  vs Batman (Imagem retirada do teaser trailer)

·        Atualização - assista ao trailer abaixo:

                             Batman - The Dark Knight Rises - Trailer 2


·        ·         Atualização: Leia a minha percepção sobre o filme: “Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge”.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Quando Fala o Coração - Datado e Atemporal


Sim, datado e atemporal. Essa ótima obra do grande cineasta Hitchcock consegue ser as duas coisas. Mas o fato de ser, em parte, datado, não prejudica muito o filme, mas pessoas da nova geração podem (e provavelmente irão) sentir um estranhamento.

Na trama, o médico Edwardes é contratado como diretor de uma clínica para doentes mentais. Já de início apaixona-se por Constance, psiquiatra da instituição. Aqui se inicia a principal característica que faz com que o filme se torne datado: a idealização do amor como algo mágico.

Atualmente preza-se pelo realismo, mesmo quando se trata de coisas “mágicas”. Os novos diretores buscam sempre dar explicações razoáveis para o que ocorre em seus filmes, mesmo que estes sejam sobre bruxas, homens que voam etc. Mas nessa obra de Hitchcock ocorre algo diferente, que presumo que nos filmes da época fosse algo comum: no primeiro beijo entre Edwardes e Constance, ao menos umas quatro postas sem abrem, uma atrás da outra, como se tivessem coreografado. Para os mais velhos, o poder do amor, para os mais jovens, algo totalmente sem sentido.

Fiquei me perguntando se tinha entrando uma brisa pela janela ou se iria se tornar um filme de fantasma de uma hora pra outra. Mas não, foi apenas um recurso utilizado pelo diretor para expressar a intensidade do momento.
Daí em diante o filme faz jus ao título brasileiro.
 
É atemporal, pois trata de questões que até hoje são recorrentes e não deixam de ser interessantes.
Edwardes
passa a se comportar de forma estranha e a ter súbitos ataques de pânico. Após um desses ataques, descobre-se que ele na verdade não é quem diz ser e o próprio não parece dar-se conta disso. Ele foge e começa então uma caçada, na qual a polícia o tem como suspeito de assassinato. Durante todo esse processo, Constance se arrisca, acompanhando-o e tentando fazer com que se lembre quem é.

A base teórica de todo o filme está baseada nos argumentos de Freud e nesse sentido tudo é colocado de forma bastante didática. As atuações são ótimas e é difícil não se impressionar com alguns aspectos técnicos. A cena do sonho de Edwardes, por exemplo, foi trabalho de Salvador Dalí. O filme também ganhou o Oscar na categoria de melhor Trilha Sonora e foi merecido. A trilha é fantástica e consegue nos deixar tensos. Em dois momentos do filme, a mulher que estava ao meu lado, na mostra de Cinema Hitchcock do CCBB, soltou dois gritos.

Percebi algumas incongruências, perdoáveis. Entre elas, uma cena na qual o personagem olha para uma cicatriz de queimadura em sua mão e entra em crise. Essa cicatriz estava trazendo à tona alguma lembrança, mas o desfecho chega e isso não é explicado.

A partir do meio do filme já fica ligeiramente previsível o que irá acontecer, mas isso também não prejudica e não são todos que percebem. 
Quando Fala o Coração (Spellbound), embora possua 66 anos, ainda surpreende e agrada muitos. Fica a recomendação.


Quando Fala o Coração (Spellbound, 1945).
Direção: Alfred Hitchcock
Estados Unidos – 111 min.


sexta-feira, 8 de julho de 2011

Naruto Shippuden - Tema Principal

Um anime de lutas, mas qual o tema principal?
Interessante notar que o tema na primeira série era bem clichê: o menino que tem o sonho de se tornar Hokage pra ser respeitado e admirado por todos. Isto é mudado na fase Shippuden?
A resposta é sim e não. O sonho do Naruto continua, no entanto ele tem uma espécie de novo sonho que com certeza, pelo menos nessa fase tem mais importância que o primeiro. (Aviso de spoiler abaixo)

Quem acompanha a série deve ter notado que a principal motivação do protagonista é basicamente uma: Trazer o amigo Sasuke de volta à Vila da Folha.
Eu mesmo no começo me revoltava com isso. Ele (o Sasuke) saiu da vila porque quis, e se antes ele era apenas meio mal humorado e queria dar uma de mal, agora ele realmente virou assassino que é capaz de matar os ''amigos'', inclusive o próprio Naruto. Mesmo assim Naruto ainda quer trazê-lo de volta!

O motivo (que eu achava que era nenhum) é explicado: como ele nunca teve laços (sentimentais) com outras pessoas ele quer preservar e proteger ao máximo um dos primeiros e mais importantes laços que criou, que é a amizade com o Sasuke. Mesmo com várias brigas e rivalidade a consideração que Naruto tem pra com ele é a mesma de um irmão.
Se essa é a decisão certa só o tempo vai dizer, possivelmente como o clímax do final da série.